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John Foster, PC Britânico: O voto pela saída da UE foi contra a austeridade e o establishment

20/07/2016

Foi realizado nesta terça-feira (19), um debate promovido pelo núcleo paulista do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz-SP) com os temas Otan/Brexit, no auditório do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, no centro de São Paulo. O debate foi aberto com a exibição de dois vídeos sobre o tema Brexit. O primeiro vídeo exibiu um pronunciamento de João Ferreira, deputado do Parlamento Europeu e membro do Comitê Central do Partido Comunista Português (clique aqui e assista). O segundo vídeo foi enviado exclusivamente para essa reunião do Cebrapaz pelo Secretário-Geral do Partido Comunista Britânico, John Foster, que fez uma valiosa análise do Brexit partindo de quatro questões: Por que o primeiro-ministro convocou o referendo? O voto pela saída foi um voto racista, xenófobo e contra os imigrantes? Quais serão as consequências políticas na Grã-Bretanha? Quais serão as consequências políticas para a União Europeia? Para John Foster, o resultado do referendo representou um duro golpe para a classe dominante. Assista, no final deste texto, ao vídeo na íntegra (com legendas em português).

Após a exibição dos vídeos o diretor nacional do Cebrapaz e editor do site Resistência, jornalista José Reinaldo Carvalho, fez uma rica palestra sobre os dois temas, destacando que a decisão do povo britânico de sair da União Europeia teve um grande impacto no Brasil e no mundo, mas “como é de praxe, fez-se uma cortina de fumaça buscando confundir a questão”.

Esquerda não pode se guiar pelo senso comum

FullSizeRender (3)Segundo José Reinaldo, argumenta-se que a vitória do Brexit fortalece as posições da direita britânica e europeia quando na verdade o crescimento da influência da direita racista e xenófoba antecede a realização do referendo. “A esquerda não pode ter uma visão ditada pelo senso comum e deve fazer uma análise a partir de um ponto de vista de classe. Neste sentido, o que fica claro é que o voto pela saída da União Europeia foi um voto de protesto contra as políticas neoliberais e antissociais impostas aos povos pela UE. As críticas contra a decisão do povo britânico de setores à esquerda partem, em geral, de forças social democratas que têm ligação política e ideológica com a União Europeia”.

O dirigente do Cebrapaz fez um histórico da integração do continente europeu no pós-guerra que redundou na criação da UE em 1992 em seu formato atual. Para José Reinaldo, “a UE ao invés de ser uma integração a serviço do desenvolvimento, da soberania e da paz é na verdade um diretório das grandes potências capitalistas europeias, hegemonizado pela Alemanha, com as seguintes características: federalista, supranacional, burocrática, militarista e antissocial”.

José Reinaldo denunciou que a União Europeia busca impor ao conjunto dos países uma receita neoliberal que, principalmente em relação aos países mais fracos da Europa, causa recessão, desindustrialização e desemprego. “A União Europeia faz parte de um processo que o marxismo-leninismo já tinha caracterizado, de concentração e centralização do capital, cuja expressão política é a formação de potências imperialistas. Lênin, em um artigo de 1915 intitulado ‘Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa’, vaticinava: ‘os Estados Unidos da Europa, sob o capitalismo, ou são impossíveis, ou são reacionários’”.

Campanha do Conselho Mundial da Paz pede a dissolução da Otan

Sobre a Otan, o dirigente do Cebrapaz também situou o histórico de sua formação, que remonta à 1949.

“Os defensores da Otan dizem que ela foi criada como resposta ao surgimento do Pacto de Varsóvia que, no entanto, só surgiu em 1955. Ora, a falsidade deste argumento também é nítida pelo fato de que o Pacto de Varsóvia se extinguiu e mesmo assim a Otan só fez se expandir, chegando hoje às fronteiras da Rússia”.

José Reinaldo lembrou que a Otan faz parte da política externa de segurança e defesa da União Europeia e que, apesar de se proclamar como uma aliança defensiva, perpetrou diversas agressões contra povos e nações, como a Iugoslávia, o Iraque, a Líbia, etc.

Plenária participou ativamente do debate

Plenária participou ativamente do debate

“A Otan atualmente tem bases militares em todo o mundo, indo muito além do que seria seu marco de atuação, ou seja, os países banhados pelo Atlântico Norte. Em suas últimas cúpulas, a Otan adotou um novo conceito estratégico ampliando as motivações que justificariam as agressões contra outras nações, como ‘defesa dos direitos humanos’, ‘proteção de minorias étnicas’, entre outros pretextos. Esta ampliação é uma clara ameaça de uma organização que detém armas nucleares em diversos pontos do globo e que é comandada por uma potência agressiva, os Estados Unidos da América, que de fato dirige a Otan, sendo sua prerrogativa nomear o comandante-geral da organização. Fazemos esta denúncia da Otan no marco da campanha lançada pelo Conselho Mundial da Paz, que pede a dissolução desta organização cuja existência é uma grave ameaça à soberania dos povos e à paz mundial”, concluiu.

Após a intervenção de José Reinaldo o plenário participou com uma série de perguntas e considerações que valorizaram e enriqueceram o evento. A iniciativa do debate, por parte do núcleo de São Paulo do Cebrapaz foi muito elogiada pelos presentes e faz parte da construção do Encontro Estadual do Cebrapaz-SP visando preparar a participação do núcleo no Encontro Nacional do Cebrapaz e na Assembleia Mundial da Paz, que acontecerão em novembro, na cidade de São Luís, capital do Maranhão.

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