Movimento Sindical

No Congresso da FSM, na África do Sul, Presidente da CTB afirma: “O golpe atende em primeiro lugar aos interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos”

06/10/2016

Cerca de dois mil trabalhadores de 111 países e cinco continentes estão em Durban, cidade litorânea da África do Sul, participando da 17ª edição do Congresso Internacional da Federação Sindical Mundial (FSM), que começou nesta quarta-feira (5) e irá até o sábado (8). São sindicalistas provenientes de 1,2 mil entidades sindicais classistas e comprometidas com os lemas: unidade, luta e internacionalismo. Juntos, representam mais de 100 milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao redor do mundo.

A abertura do evento contou com a participação do presidente da África do Sul e do Congresso Nacional Africano (CNA), Jacob Zuma, que, em seu discurso, condenou o imperialismo mundial pela tragédia dos imigrantes e refugiados e destacou a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras como a chave para se avançar e reverter o cenário hostil dos tempos atuais. O presidente Zuma lembrou Nelson Mandela, líder maior e símbolo da luta contra o apartheid e a opressão, e Moses Mabhida, lendário dirigente sindical e fundador do partido comunista no país. Mabhida dá nome ao estádio que sedia o congresso da FSM, um dos maiores do país.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) está presente no 17º Congresso com 44 delegados e delegadas, de todo o Brasil. Esta é a maior delegação da história da central em um congresso internacional e reflete a exata dimensão que a CTB vem dando à crise que a classe trabalhadora mundial enfrenta no Brasil e em diversas partes do mundo.

Para Divanilton Pereira, secretário internacional da CTB, coordenador da FSM para o cone sul e um dos organizadores do encontro, “a base do movimento sindical é a mais atingida nessas circunstâncias, por isso ele deve estar na linha de frente contra essa barbárie. No entanto, precisamos, antes de tudo, de uma ampla unidade política capaz de sensibilizar e mobilizar as camadas mais atingidas pelo livre arbítrio do mercado hoje hegemônico. E por isto o Congresso, neste momento, é tão importante”.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, foi um dos primeiros oradores, na manhã do primeiro dia do evento. O dirigente classista fez uma veemente denúncia do golpe ocorrido no Brasil e opinou que ele obedece a interesses externos:

“O golpe atende em primeiro lugar aos interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos. Ele se insere claramente na grande onda conservadora que invadiu a América Latina e o Caribe nos últimos anos e ameaça reverter o ciclo político progressista iniciado na região no alvorecer do século 21, que se expressou em fatos como a rejeição da ALCA, a criação da ALBA, da Unasul e da Celac, a ampliação do Mercosul. A reversão da política externa brasileira, agora hostil à integração regional e submissa aos desígnios de Washington, é uma das infames obras dos golpistas. Os EUA ganharão também com a mudança das regras de exploração do chamado pré-sal, feitas sob encomenda da multinacional Chevron com o descarado propósito de entregar o petróleo brasileiro aos monopólios estrangeiras”.

O caminho, segundo Adilson, é o da resistência e da luta, “no Brasil nosso caminho é o da resistência e da guerra sem quartel contra os golpistas e em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da democracia, da soberania nacional e da integração latino-americana e caribenha e dos povos oprimidos em todo o mundo. Querem excluir a classe trabalhadora e os movimentos sociais do jogo político, mas não vamos permitir”, afirmou.

Com informações do Portal da CTB

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