Conselho Mundial da Paz

Nos 75 anos do martírio em Hiroshima e Nagasaki, reforcemos a luta contra as armas nucleares

06/08/2020

“Além de vitimar diretamente o povo japonês, a devastação inédita provocada pelas bombas aterrorizou todas as nações, inaugurando uma nova era assente nas ameaças à própria sobrevivência da humanidade e do planeta pelo imperialismo estadunidense”, escreve Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz

Por Socorro Gomes (*)

Nestes 6 e 9 de agosto, a humanidade rememora uma das maiores tragédias da História, ainda mais nefasta porque causada pela ação humana, a do imperialismo estadunidense. A inauguração do uso das armas nucleares pelos Estados Unidos contra as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, ao findar a Segunda Guerra Mundial, concluiu o episódio mais horrendo do século 20 com o prenúncio do terror e da ameaça de aniquilação total que acometeria todo o mundo, imputando de imediato e também de forma prolongada inestimável sofrimento aos civis japoneses.

Foram cerca de 200 mil as vítimas fatais dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, que tiveram consequências duradouras. Como se sabe, a potência das bombas A e H pulverizou tudo o que foi atingido e matou de imediato, em Hiroshima, 70 mil pessoas, com mais dezenas de milhares mortas até o final do ano, devido às consequências dos ferimentos. Já a segunda, lançada contra Nagasaki, matou imediatamente entre 35 e 40 mil pessoas e feriu outras tantas. Além de vitimar diretamente o povo japonês, a devastação inédita provocada pelas bombas aterrorizou todas as nações, inaugurando uma nova era assente nas ameaças à própria sobrevivência da humanidade e do planeta pelo imperialismo estadunidense.

Enquanto nos solidarizamos com o povo japonês vítima deste crime hediondo, o Conselho Mundial da Paz mobilizou os resistentes contra a guerra e lançou seu primeiro documento e campanha, o Apelo de Estocolmo, em 1950, que colheu centenas de milhões de assinaturas em todo o mundo. Ficava demonstrado o repúdio contundente da humanidade à eventual repetição daquela tragédia e à consolidação de um sistema internacional baseado na intimidação, na ameaça e no terror como pilares do poderio e da hegemonia militar dos Estados Unidos.

A resistência e resiliência das forças amantes da paz, inclusive o Comitê da Paz do Japão, também inspiram o reforço da nossa oposição irredutível à existência das armas nucleares, cuja abolição exigimos também em compromisso com as vítimas dos bombardeios atômicos, assim como a vida e a construção de uma comunidade internacional baseada na cooperação e no respeito mútuo.

Expressamos uma vez mais nossa sincera homenagem às vítimas e sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki e nossa solidariedade com as forças amantes da paz dedicadas à luta contra as armas nucleares, às quais nos somamos como impulso fundador do nosso próprio Conselho Mundial da Paz. Que este terrível aniversário reforce nossa determinação e o compromisso internacional pela abolição desses instrumentos de terror e destruição.

(*) Socorro Gomes é presidenta do Conselho Mundial da Paz. Este artigo foi originalmente publicado no Cebrapaz

 

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